O ex-vice-presidente da República José Alencar faleceu na tarde de hoje, 29 de março de 2011, no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Alencar morreu aos 79, por falência múltipla de órgãos, após uma luta que perdurou anos contra um tumor cancerígeno na região do abdômen. O vice-presidente havia sido internado ontem, conforme divulgou a instituição de saúde.
“José Alencar deixa saudades. Ele é uma positiva referência para o setor, para os jovens, os empresários e políticos e, acima de tudo, para aqueles que acreditam na honestidade, no trabalho e na fé como base para a construção de um futuro melhor e mais justo para todos. Por tudo isso e muito mais, o nosso estimado companheiro, que sempre dignificou, defendeu e fez maior o nosso setor no Brasil e no mundo, merece nosso reconhecimento e admiração”
Alencar havia recebido em março de 2010, em São Paulo, a “Medalha do Mérito” concedida pela ABIT por conta de sua trajetória que marcou o Brasil e a indústria têxtil brasileira.
A história
Começava em 17 de outubro de 1931, em Itamuri (MG), a história de um dos grandes homens do Brasil. Nascia ali, José Alencar Gomes da Silva, filho da dona de casa Dolores Peres Gomes da Silva e do mercadante Antônio Gomes da Silva.
Aos sete anos de idade começou a ajudar no comércio de seu pai, aprendendo desde cedo o valor do trabalho. Quando fez quinze anos decidiu deixar a família e buscar sua própria independência. Foi morar em Muriaé (MG) onde atuou como balconista em uma loja de tecidos chamada Sedutora e sobrevivia com o salário de 300 cruzeiros, que o obrigava a dormir no corredor do Hotel da Estação, pois o que ganhava não era suficiente para pagar um quarto. Em maio de 1948, José Alencar se mudou para Caratinga (MG), para ser vendedor na “Casa Bonfim”, onde foi reconhecido como um bom profissional.
Com dezoito anos começou seu primeiro negócio e, em março de 1950, inaugurou a loja “A Queimadeira” na Avenida Olegário Maciel, em Caratinga, que também passou a ser sua moradia para economizar custos. Para iniciar sua vida de empresário, José Alencar contou com a ajuda de seu irmão mais velho, Geraldo Gomes, que lhe emprestou quinze mil cruzeiros. O comércio dispunha de diversos artigos como sapatos, guarda-chuvas e tecidos. O empreendimento durou até 1953, quando Alencar vendeu o bazar e mudou de ramo.
Com o que recebeu de pagamento da venda do pequeno comércio, o jovem idealista iniciou seu segundo negócio, desta vez na área de cereais. Em seguida formou uma parceria com José Carlos de Oliveira, Wantuil Teixeira de Paula e seu irmão Antônio Gomes, na “Fábrica de Macarrão Santa Cruz”. No Natal de 1959, Geraldo Gomes faleceu, deixando sua parte da empresa União dos Cometas para Alencar, que obteve o controle da fábrica e alterou a razão social da organização para o nome do irmão em sua homenagem.
Em 1963 Alencar fundou uma nova organização, chamada Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que mais tarde mudou para Wembley Roupas S.A. Já em 1967, resultado de uma união de negócios com o empresário e deputado à época, Luiz de Paula Ferreira, foi fundada a Cia. de Tecidos Norte de Minas, Coteminas.
A inauguração da fábrica de fiação mais moderna do Brasil aconteceu em 1975 e, desde então, a empresa não parou de crescer. Desde janeiro de 2006 — ao formar e liderar o grupo “Springs Global” —, tornou-se forte multinacional brasileira, fabricando e distribuindo, no Brasil e no Exterior, os mais variados produtos que trazem etiquetas de conceituadas marcas. A Coteminas consome cerca de 100 mil toneladas de fibra anualmente, tem quinze unidades no País, cinco nos Estados Unidos, duas no México e uma na Argentina que fabricam e distribuem fios, tecidos e malhas para o mundo, além de empregar 15 mil funcionários.
Como empresário, José Alencar dedicou-se também às entidades de classe empresarial, onde assumiu a presidência da Associação Comercial de Ubá e a direção da Associação Comercial de Minas, entre outros cargos de diretoria e presidências em outros institutos.
Em 1994 colocou sua experiência administrativa a serviço do Brasil, quando disputou a vaga de Governador do Estado de Minas Gerais. Quatro anos depois candidatou-se ao cargo de Senador Federal e elegeu-se com quase três milhões de votos. Já em janeiro de 2003, com a vitória de Lula nas eleições presidenciais, Alencar tornou-se vice-presidente da República, posto ocupado até o dezembro de 2010.
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